Ademar Traiano*
Por muitas décadas a cidade Francisco Beltrão vem sendo assombrada pelo fantasma das enchentes que, não poucas vezes, produziram muita destruição e sofrimento na cidade. Conheço muito bem esse problema. Nasci em Francisco Beltrão e, quando menino, pesquei muito nas águas do Rio Marrecas, também assisti as tragédias provocadas pela fúria de suas águas.
Entender porque a cidade é assolada por essas catástrofes não é difícil. O fluxo normal, do Rio Marrecas, que corta Francisco Beltrão, chove muito, pode se multiplicar por 100. As consequências são devastadoras. Casas alagadas móveis perdidos, pessoas desabrigadas, mortos, feridos. Uma devastação e um sofrimento que pareciam não ter fim.
Por muitos anos, na condição de deputado de Francisco Beltrão, cidadão e morador da cidade, que compartilha as alegrias e os sofrimentos dos beltronenses, me preocupei muito com esse problema e procurei sensibilizar sucessivos governos estaduais para a importância de solucionar o problema das enchentes.
Depois de décadas de muita luta, o governador Ratinho Junior assinou, em agosto do ano passado, a ordem de serviço para o início das obras de contenção de cheias. O prefeito Cléber Fontana, parceiro firme nessa batalha, e toda a nossa cidade de Beltrão tem muito o que comemorar. A solução do problema das enchentes, que hoje castigam vários Estados brasileiros, já começa entrar no horizonte de nossa cidade.
A obra para contenção das cheias do Marrecas é arrojada, ousada e histórica. Obras desse porte só costumam ser construídas em grandes capitais e essa será nossa obra do Século. Na verdade, é um complexo de obras que envolvem comportas, bacias de contenção, obras de drenagem, aprofundamento do leito do rio e retificação de suas margens. Tudo isso vai aumentar a capacidade de vazão do Rio Marrecas e evitar que transborde. Rios e córregos, afluentes do Marrecas, também receberão intervenções importantes para a eliminação das enchentes e das enxurradas em todo o perímetro urbano de Francisco Beltrão.
Uma grande barragem de 1,5 km, será construída com as rochas que serão retiradas do aprofundamento do rio, e da escavação do túnel de adução. Localizada acima da cidade, a barragem será a primeira barreira para as águas do Marrecas durante as cheias. Na primeira etapa das obras está sendo construído um túnel que vai furar 1200 metros de morros, atravessando todos os tipos de solos e de rochas. As águas que extravasarem a barragem serão desviadas para esse túnel de adução.
As obras de contenção vão promover, no período de cheias, o deslocamento de grande parte das águas do Rio Marrecas para um desvio que será construído através de comportas pelo canal do Rio Urutago que será aprofundado em 12 metros para que possa suportar a vazão sem transbordar. Quatro pontes do Urutago serão refeitas para que possam se adequar a nova profundidade do Rio.
As obras para acabar com as enchentes em Beltrão são o projeto com o maior volume de recursos da história de Francisco Beltrão. Um investimento de mais R$ 50 milhões que deve resolver o problema das enchentes pelos próximos 100 anos.
É uma das maiores obras em execução no país e uma das mais modernas e arrojadas. O projeto deve ser concluído em 14 meses. A partir daí o pesadelo das enchentes que conheci na minha infância e acompanhei ao longo da minha vida, começará a se tornar uma lembrança do passado. Tenho muita satisfação de ter participado e contribuído para que essa história possa ter um final feliz.
* Ademar Traiano é deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Paraná.